Era 19 de julho de 2010 e eu, Liz, uma garota de 16 anos, alta, mais ou menos um e setenta e dois, cabelos castanhos lisos até certo ponto, com cachos nas pontas, olhos negros e pele morena, era apenas mais uma garota que morava em Tipokio, com minha mãe e meus dois irmãos, meu pai havia morrido. E mais uma vez começamos a arrumar as malas para grande viagem.
- Liz! – gritou meu irmão – Anda logo!
- Nãão! – gritei.
Em alguns minutos eles apareceram em meu quarto e cada um me puxou por um braço. Minha mãe também chegou lá.
- Porque mãe? Por quê? – disse fazendo meus olhos brilharem enquanto fazia beiçinho. – Você me odeia?
- Liz você sabe muito bem que eu te amo. E você não pode ficar sozinha aqui. Só tem 16 anos.
- Quase 17. - a corrigi.
- Isso não muda sua mente e sua responsabilidade.
- Vêem Liz. – disseram meus irmãos em coro me arrastando para fora de casa.
- Liz chega de drama! – gritou minha mãe. – São só férias! São 7 dias só isso! Uma semana.
Agarrei na porta com os dedos enquanto os gêmeos me puxavam pelos pés.
- Vocês são tão chatos! – disse me largando da porta e chutando cada um de meus irmãos. – Eu vou! E agora? Estão felizes?
- Eu estou. – disse minha mãe abrindo um sorriso.
Lá estava eu de novo viajando para Kilops, visitar a minha avó, na verdade, eu, minha mãe e meus dois irmãos mais novos, gêmeos. O céu estava azul sem nuvens do jeito que eu gosto, por mim, ficaria em Tipokio e ia para praia com os meus amigos. Mas como ninguém nunca me ouviu, estava eu de novo prestes a começar uma longa viagem de três dias, que eu nem queria fazer, e para falar a verdade ia ficar pior, em Kilops quase nunca faz sol, e nem chuva, neva quase todos os dias, é uma cidade pequena, onde todos se conhecem a todos e sabem suas histórias, não me importava, não ligava para me lembrar de muitas coisas, sejam elas importantes ou não, um exemplo é que nem a data de aniversário da minha melhor amiga eu sei. E por falar nela, é chato por que vou ter que deixá-la por um mês, o tempo em que devo estar viajando. O nome dela é Larissa, tem mais ou menos um metro e setenta de altura, seu cabelo é louro escuro e liso batendo no ombro, usa óculos discreto, nos conhecemos na escola quando tínhamos um ano de idade.
Bem, ainda faltava muito tempo para acabar aquilo, estava imersa em meus pensamentos mais inúteis, quase dormindo, pensando no que ia fazer primeiro quando chegar, talvez me trancar em meu quarto e escutar músicas ou quem sabe ler um livro, continuava em minha linha de pensamentos quando uma vós familiar interrompeu-me:
-Liz... - era minha mãe. Seu tom foi em bom tom, não estava exatamente calma.
Minha mãe era uma mulher alta, bonita, com cabelos negros e lisos, muito longos, seus olhos negros eram como os meus e de meus irmãos, eu a amava.
Na hora só desacordei, não me preocupei muito em respondê-la, mas a voz soou mais aguda dessa vez, e agora, pude escutar o stress em sua voz:
- Liz!
-Sim?-respondi com a voz meio dispersa como quando alguém acaba de acordar.
- Me ajude, querida! - A voz era preocupada...
Tirei os olhos da janela e olhei para qualquer problema que estivesse acontecendo, e finalmente, ainda descordada, escutei meus dois irmãos brigando, desviei os olhos deles e olhei para a minha mãe para ver a que ponto a briga já atingira a paciência dela, e realmente estava preocupada. Seus olhos eram de extrema atenção na estrada, e quando podia parava, para tentar separar os dois, mas agora ela não podia, a estrada estava cheia de curvas.
Virei para eles de novo com a cara de mal humor e sono também por ser culpa deles a interrupção da minha ‘‘tão’’ interessante linha de pensamentos, não por realmente ser interessante, mas por ajudar a me distrair aquela longa viajem que fazia por obrigação. Continuando a minha tarefa de separar os dois tirei o cinto e sentei-me entre eles saindo do banco de frente e indo para o de trás. Encarei cada um dos dois com a cara mais séria de ‘’Agora já chega’’ que pude, imediatamente os dois pararam e começaram a me encarar com seus olhos negros quase chorando. O silêncio e a tensão do carro deviam estar incomodo a todos, então para acabar com aquilo tentaria uma forma mais lógica, sem violência, de resolver tudo, então comecei:
- Muito bem qual dos dois vai me explicar o que está acontecendo aqui? - disse com a voz mais séria que pude.
De repente me arrependi de ter pensado que aquela maneira de resolver a coisa entre irmãos era uma má idéia, duas vozes agudas começaram a gritar uma sobre a outra quase chorando, e para falar a verdade, não entendi nada, só estava pensando em um jeito de me livrar daquela tarefa, que minha mãe acabara de me encarregar, sem nenhuma violência. De novo alguma coisa interrompeu minha linha de pensamentos, olhei para baixo e vi dois pirralhos se matando em cima de mim, pus uma mão no peito de cada um empurrando-os cada um para um lado diferente, irritada falei em um tom mais alto e grosso, já estressada:
- Chega! -isso funcionou, sem usar violência.
Eles pararam de novo e ficaram me encarando esperando com que eu continuasse, sem ter o que falar, ficamos um longo tempo em silêncio. Depois os encarei-os mais uma vez e vi dois pares de olhos ainda me encarando cheios de lágrimas de arrependimento:
-Olhe vocês... -disse isso suspirando, revirei os olhos, e olhando em volta para ver se surgia alguma idéia. Se isso fosse um desenho animado apareceria um lâmpada em cima da minha cabeça, vi que eles estavam sem cinto então falei com a voz mais calma que pude, mas mesmo assim saiu irritada- Vocês dois, ponham o cinto agora.
Imediatamente eles se encararam rapidamente e logo seguiram as minhas ordens.
-Agora... -respirei fundo e acalmei a voz. – Virem-se para a janela e esqueçam o que aconteceu porque se a mamãe não se concentrar agente pode bater o carro. E só se virem de novo quando se acalmarem, escutaram?- esse final falei com mais ênfase.
Depois de alguns minutos de olhares em silêncio eles concordaram balançando a cabeça, rapidamente e virando-se, eu pulei para o banco da frente pondo o cinto.
-Obrigada Liz. -sussurrou a voz calma e suave em meus ouvidos, isso me aliviou um pouco.
-De nada mãe. -falei dando um leve sorriso para ela e me virando novamente para a janela, afinal já estava acostumada com isso, eram dez anos de experiência.
Em pouco tempo me imergi novamente em meus pensamentos, afinal não tinha melhor que isso a fazer.
Depois de um dia de viajem paramos em um hotel de beira de estrada, você tinha que ter coragem para entrar no banheiro, pelo menos, pensei, era só uma noite.
No dia seguinte começamos a viagem cedo, seis horas da manhã. Dessa vez fui a metade da viagem conversando com a minha mãe. Por fim eu cai em um sono profundo e só acordei depois de ouvir um barulho, que me fez pular.
Não consegui abrir meus olhos, as pálpebras pesavam sobre meus olhos, o que me causou pânico.
Dor, assim que finalmente consegui ficar consciente de tudo, percebi que meus músculos doíam, estava desconfortável. E a única coisa que ouvi foi:
-Eu te amo Liz... Cuide deles por mim... -sua voz era fraca, percebi que sofria muito.
Foi a ultima coisa que me lembro, acho que desmaiei, depois de acordar cheia de fios ligados ao meu corpo, em uma sala branca clara, era um hospital, um hospital, soou em minha mente, então algo grave havia acontecido. Fiquei quieta por um segundo tentando ligar os acontecimentos e descobrir o que havia acontecido naquele carro.
Percebi que havia algo muito estranho ali. Onde estava minha mãe? E meus irmãos? Não tinha idéia como responderia essas perguntas.
-Mãe! –gritei por impulso.
Dois minutos depois a enfermeira estava entrando me analisou, viu minha cara de dúvida e de pânico. Andou para fora e começou a falar com um homem, provavelmente um médico. Ele entrou na sala e se aproximou devagar, mas eu estava impaciente.
-Onde ela está? E meus irmãos? O que aconteceu?-perguntei desesperada.