-Contar o que? –será que era um segredo de minha mãe que não sabia?
-Que você é uma Zimou – Zimou? De onde ela tirou isso? Minha avó havia ficado louca?
-Zi o quê? –perguntei agora muito confusa com aquilo tudo.
-Zimous são de lenda antiga de uma espécie superdotada que se repassa de geração em geração, mas sua mãe não era uma Zimou seu avô ficou meio triste quando soube disso, achava que íamos ter uma família Zimous e aumentar a nossa espécie. –não quis interrompê-la. Estava ficando interessante, não que eu acreditasse, mas como se fosse uma historinha de terror, tipo lendas antigas. –Mas quando vi você tremer a terra hoje eu sabia que a herança não tinha se perdido na família e...
-O que? Tremer a terra? Aquilo foi um terremoto! –disse incrédula, ela achava o que? Que era uma super-heroína? Que era uma etê?
-Sim as habilidades do Zimous são controlar a terra, ser super veloz, e controlar objetos com a mente...
-Você está bem vó? –disse olhando para ela preocupada.
-Sim, porque não estaria? –disse ela como se te chamar de Zimou fosse algo natural.
-Você está louca!
-Estou falando a verdade. – verdade? Onde havia verdade em suas palavras?
-Você está louca isso sim! –já estava pensando em sair dali e dar uma volta pela floresta, analisei minhas roupas e minhas possibilidades. Hmm... Estava com um moletom azul e uma calça jeans, e minha avó não corria bem, eu conseguiria. Já estava me levantando, quando ela interrompeu meus planos.
-Liz, por favor, me escute. Você tem que ter cuidado com seus poderes.
-Eu vou embora daqui vó você está ficando louca!
-Liz Rouby me escute! Por favor!– ela falou meu nome inteiro, um sinal, estava furiosa, e realmente não queria que eu saísse.
-Por favor, eu peço a você, Marta! Que história mais louca é essa? – bufei.
Saí pela porta de meu quarto em direção a uma saída. Escadas, corri em direção as escadas.
-Há aonde você vai? – como se não estivesse já louca de me contar uma história ridícula, queria também bancar a babá.
-Vou dar uma volta! Para mim já chega! – disse furiosa. Maluca, pensei, ainda bem, não puxei essa parte louca da família.
-Por favor, fique aqui! Por favor! Pode ser perigoso! –agora que ela me convenceu mesmo eu ir para longe dela, já conhecia a cidade e podia andar sem nenhum problema.
Não respondi, apenas sai daquele hospício para a enorme imensidão branca da floresta. Já basta para mim! , Zimous? Puff! Onde ela queria chegar falando de Zimous?
Ela não me seguiu, apenas entrei floresta adentro sem ver a direção e aonde eu ia. Será que iria me perder? Não, conhecia bem até demais Kilops.
Já andara a algum longo tempo. Até que no meio da floresta ela ficava menos densa e mais plana, eu havia chegado num lugar civilizado, dei apenas alguns passos até encontrar asfaltos sob meus pés. Olhei para direita, e vi, um carro a mais ou menos 140km correndo em minha direção.
Não havia tempo, não havia esperanças, eu iria morrer ali, depois de ouvir uma história idiota sobre Zimous. Vovó doida.
Até que em meio de segundos eu vi minha vida passar sobre meus olhos só que muito rápido, e quando eu me vi finalmente achei que já tivesse morrido mais não, havia um carro, um Civic, bem na minha frente a alguns poucos centímetros de mim. Eu não havia morrido ainda? Por um momento senti decepção, teria que enfrentar minha avó na hora que chegasse em casa.
Um garoto, acho que de minha idade, saiu do carro me olhou de baixo para cima com os olhos arregalados e incrédulos. Oh! Eu não te matei? Ele devia ter pensado.
-Olhe o que você fez! Poderia ter causado um grande acidente! É doido é?Eu poderia estar morta nesse chão agora! Ainda bem que você parou a tempo! Como conseguiu? - tagarelei furiosamente com ele.
Ele não me respondeu apenas continuou me olhando incrédulo, mas foi ai que o olhei melhor, ele era lindo, seus olhos eram azuis claros e tinha o cabelo castanho, igual ao meu, encaracolado, também era alto.Não havia mais palavras para descrevê-lo, ficamos algum tempo ali nos entreolhando, quando me dei conta eu já estava boquiaberta com sua beleza. Sacudi a cabeça para me concentrar, ele não disse nada até agora.
-E então? – disse por fim bufando.
-Me desculpe... Eu acho... – sua voz soou em minha mente, era linda, tudo nele era perfeito, não liguei muito que talvez ele tivesse dito eu acho, afinal não é todo dia que um garoto gato quase te atropela, tinha que aproveitar o momento.
Meu celular tocou, ah, era minha avó. Merda! Lá vem a vovó falar comigo pra interromper aquele momento perfeito!
-Droga!
Saí correndo floresta adentro cheguei em casa em um minuto. Acho que tinha andado muito mais que isso que acabei de correr.
Entrei em casa correndo ignorei minha avó e suas perguntas, percebi que era tarde. Não liguei muito para isso eu apenas ia para meu quarto dormir.
E então, em meu sonho vi aquele garoto gato, a ele novamente lindo em minha frente, e de repente ele quase me atropelando de novo, as cenas se repetiram novamente em minha cabeça, mas não a vi da mesma forma, eu relacionei tudo.
Uma hora me vi tremendo a terra ‘‘... controlar a terra...’’, depois eu parada na frente do carro com as mãos ao alto como se tivesse tentando evitar que me atropelassem ‘’...controlar objetos com a mente...’’ e por último eu correndo pela floresta, tudo era apenas um borrão em minha volta ‘’...super veloz...’’ e como cheguei em casa em um minuto.
-Zimou! Eu sou uma Zimou! –acordei ofegando e gritando em minha cama.
Minha avó estava lá em menos de um minuto.‘’super velocidade’’ pensei revirando os olhos.
-Sabia que você pensaria no que eu diria. - disse ela com um sorriso no rosto.
-E-eu sou uma Zimou? – perguntei, como se já não estivesse gritado demais, mas era muito confuso, uma hora você e normal e depois parece um etê. Como eu podia ignorar?
-Sim, como eu e seu... –ela suspirou –... seu avô.
-Meu avô era um Zimou? –perguntei confusa, havia homens Zimous?
-Sim - disse ela olhando para baixo.
-E... Como isso funciona, quero dizer, nunca voltarei a ser a Liz de sempre? –quero dizer, aquilo era permanente? Sempre serei anormal?
-Bom... Agora que você já descobriu todos os seus poderes você vai parar de envelhecer... –O que? Nunca iria ficar mais velha? Minha vida acabaria com 17 anos?
Ela me viu boquiaberta.
-Liz? Tudo bem querida? – perguntou ela preocupada.
-Liz! – ela disse gritando preocupada.
-Sim? – respondi ainda perplexa.
- Preste bastante atenção – disse ela calmamente, eu estava tentando me concentrar - Bom, agora você semi-imortal, só a um jeito de te matar. –a cada minuto me sentia mais uma criatura mística. Eu era semi-imortal? Eu não poderia mais morrer comumente?
-E como podem me matar? –devia haver uma maneira, já que era semi.
-Não somos imunes a outras criaturas, nem a acidentes, ele só nos ferrem, por dentro, nossa pele é quase imperfurável – ah, por isso quase não me machuquei no acidente - se arrancarem nosso coração nós morremos, mas humanos não tem essa capacidade.
Que dramático ‘’arrancar o coração’’ era como um sacrifício, e eu quase nunca poderia ser morta, nem mesmo meus ‘’diferentes’’ poderiam me matar agora. Bom, tinha que continuar, afinal queria saber mais sobre mim.
-E como funciona esse troço de mover coisas com a mente? –se conseguia parar um carro ficaria impressionada com mais o que poderia fazer.
-Bom, tem um certo limite, pelo o que eu saiba, eu não tenho esse poder, só seu avô tinha, e agora que você descobriu pode treinar mais. –disse ela num tom despreocupada.
-E a terra? –se consegui causar um terremoto de cinco segundos porque não um grande abalo no planeta?
-É mais fácil com a terra, você move com mais facilidade, enquanto maior o tempo e a quantidade de terra é mais difícil, mais você pega o jeito depois de muito treino. –treino, eu teria que treinar. Ótimo, passaria horas treinando e aprendendo como ser uma Zimou.
-E a velocidade? –não precisaria mais de um carro, isso seria uma maravilha! Não que eu já pudesse dirigir, mas pegar carrona com minha avó era uma coisa que não me agradava.
- Bom, você pode correr muito rápido, mas - e lá vem o ‘’mas’’ para mudar a minha felicidade. – lembre-se, você não pode expor seus poderes.
-Claro... - disse suspirando, poder fazer coisas incríveis, mas que eu não podia usar, era como pedir para um super-herói esquecer de tudo e voltar a ser humano.
Durante todo esse tempo eu não contei a minha avó sobre meu quase acidente, não era algo que eu esperava contar, ‘’vó naquele dia que você me disse tudo, eu fugi e de casa e quase fui atropelada por um garoto gato’’.
Então, minha vida mudou de rumo, durante dois dias me dediquei a treinar como mover objetos, devia haver um manual dizendo instruções como: ‘’Para mover algo com menos de 100 gramas concentre sua mente e... ’’. Porque, como minha avó não tinha essa habilidade ela não fazia a mínima idéia de como funcionava.Era algo difícil mover algo de 1 quilo, não sei como fiz para parar um carro, mas logo já estaria boa nisso e seria uma ótima Zimou.