- Ah bom, você tava muito estranha, cruzes ficou parada com uma cara de pânico. – disse ela aliviada – Você vai na minha festa?
- Amm, que festa? – ela não avia dito nada de uma festa.
- Bom Liz, eu falei que vou fazer uma festa no começo do ano para todo mundo se conhecer, falei isso há algum tempo atrás, mas você tava em marte provavelmente. – eu estava em outro lugar, ela tinha razão talvez em marte. – Então você vai? A festa vai ser amanhã. As oito, se você quiser ir...
- Acho que sim. – disse num tom de dúvida, minha avó teria que saber disso e ficaria meia hora dizendo: Cuidado com os poderes, Olhe lá o que você vai fazer, Se algo acontecer você esta morta mocinha.
O sinal bateu. Dei um tchau para Vanessa e corri para minha próxima aula, graças a Deus sem o David, sem ninguém conhecido agora.
Fui para o almoço com a Melissa como sempre.
- Ei Melissa. – chamei sua atenção enquanto ela se sentava.
- Eu. O que é Liz?
- Sabe, a Vanessa vai dar uma festa para todo mundo novato se apresentar. Você vai?
- Bom, Liz eu adoraria. – ela fez uma cara de pensativa. – Mas, que dia vai ser?
-Amanhã.
- Ah, eu não posso, amanhã é quarta. – disse ela num tom tristonho.
-Ah, uma pena.
Era mesmo uma pena a Melissa não poder ir à festa, ela era muito responsável, acho que esse era seu problema.
Me virei para ver onde Vanessa estava. É claro, na mesa dos populares. Lá você encontra um monte de garotas, o maravilhoso Vitor e outros garotos qualquer.
A aula seguinte passou depressa, consegui sentar bem longe de David e bem perto de Vitor, o que me fez babar o resto da aula toda.
Minha vida estava ficando monótona, sem nada para fazer depois do último horário apenas subi no ônibus conversei com a Melissa.
- Tchau!
- Até mais Liz! – gritou Melissa enquanto eu descia.
Entrei em casa com minhas chaves.
- Oi.
- Olá Liz, como foi à escola?
- Tediante. – disse suspirando. – Ah vó. Vanessa, minha amiga vai dar uma festa amanhã depois da aula será que eu vou poder ir?
- Umm. Só se você tomar aqueles cuidados de sempre.
- Claro...
Andei em direção ao meu quarto e liguei meu laptop, para responder a mais uma mensagem da Larissa.
Liz,
Eu espero mesmo que eu melhore. Mande um “Olá” com “Melhoras” para seu irmão. Alias como ele vai? Conte-me novidades. As coisas aqui andam como sempre a escola, seus amigos, eles ficam em perguntando: “Ei o que aconteceu com a Liz?” Eu devo falar a verdade? Então esse garoto que você disse que te encara, ele é o que bonito? Estranho? Estou curiosa e ainda confusa.
Beijos Larissa
Respondi tudo para esclarecer a mente de Larissa.
Larissa,
Melhoras para você. Vou sim mandar o “Olá” e as “Melhoras” para meu irmão. Ele vai bem, até demais com essa história de paraplegia. Ele está alegre. Bom, hoje em meu segundo dia de aula Vanessa disse que vai dar uma festa amanhã, eu vou. Pode falar a verdade, e agora que não vou mais voltar a Tipokio... Bom, pra falar a verdade eu achava o tal do David bonito, antes de ver o Vitor, ele descreve a perfeição... Bom, amanhã vou ir à festa da Vanessa, espero que seja bem divertida.
Beijos Liz
Acho que assim está melhor, todos em Tipokio saberão a verdade breve.
- Liz! – gritou Rafael. – Jantar!
- Estou indo!
Coloquei uma blusa branca e uma calça antiga e fui em direção a cozinha. Nossa são sete horas? Perdi mesmo o horário.
- Oi. – disse pegando meu prato.
- Oi Liz. – disse Rafael, minha avó estava fora de novo.
- Como esta a escola? – eu não vi o garoto nenhuma vez ao ir à escola.
- Bem, tirando a parte que todos sempre me encaram com o olhar “o que você faz aqui no meio dos normais?”. – disse ele suspirando.
- Acredite, eu também sei o que é isso. – disse baixo.
- O que?
- Nada, nada. – disse me virando para colocar arroz e carne em meu prato.
- Vovó teve que resolver os problemas com a nossa casa em Tipokio, e com todo o resto.
Assenti e me sentei à mesa. Terminei rápido minha refeição e disse boa noite ao Rafael e fui me deitar.
Sonhei sonhos estranhos e embaraçados. Não conseguia definir o que era ao certo, só me lembro de um vulto azul e rápido que interrompeu tudo e me fez acordar.
Espreguicei-me sem muita vontade de continuar a viver, eu não tinha nada importante em mim, era apenas uma Zimou que não servia nada mais que matar Deymants, sendo que nunca sequer eu vi um. Eu era inútil, uma garota sem pais, perdida no mundo, vivendo solitária a aventura que é viver. Às vezes me pergunto por que logo minha mãe foi morrer. Ela não merecia. E agora eu iria ter que viver para sempre, carregando a terrível lembrança das mortes daqueles de quem eu tanto adorei e amei.
Ta bom, agora eu estava ficando muito triste, solitária. Eu estava me tornando emo? Quer saber uma festa é isso que eu preciso extravasar tirar todo esse rancor. Eu preciso ser feliz.
Tomei café e coloquei uma roupa qualquer que encontrei em meu armário. Fui para o ônibus como faço todo dia, conversei com Melissa e fui para minha primeira aula.
Vi Vanessa no segundo horário, como sempre me sentei ao seu lado.
- Quem vai na festa?
- Bom, todos os novatos, menos a Melissa que me disse que não poderia ir, de veteranos o Vitor, - disse ela revirando os olhos, e senti os meus brilharem. – o Felipe, acho que você não o conhece e mais alguns garotos e garotas que você também não conhece.
Vitor. Uau. O Vitor numa festa junto comigo. Isso seria maravilhoso. O cara mais lindo e perfeito numa festa de fim de mundo para novatos.
- Legal. – disse sem mostrar interesse.
Sai da aula quando o sinal bateu e fui para a próxima, a escola estava ficando cada vez mais tediante, pelo menos tinha uma festa para fugir um pouco da rotina.
O resto do dia passou num instante, realmente muito rápido, ou o mundo esta girando mais rápido ou eu não consigo mais acompanha-lo.
Depois da aula dei um “Até logo” para Vanessa e fui embora de ônibus. Depois de receber um pedido de “Espero que se divirta” de Melissa entrei em casa para me trocar de roupa.
Vesti uma bata bege com um short jeans e uma sandália comum, fui dar um tchau para minha avó e depois de ouvir seus 5 minutos de avisos peguei um táxi e fui em direção a casa de Vanessa.
- Chegamos. – anunciou o taxista.
Depois de pagar, fui em direção a porta da casa, o som de música podia ser ouvido de longe.
- Oiii! Que bom que você veio! – anunciou Vanessa alegremente, não pude deixar de sorrir para ela por me receber tão bem.
-Vou te apresentar a galera. – disse ela me puxando para dentro.
Depois de ouvir dezenas de nomes diferentes de vários novatos e de cumprimentar cada um deles chegamos ao fim.
- Esse é o Felipe. – disse ela me apontando para o garoto de cabelos pretos que sorria para mim. – E esse são os amigos deles. – disse ela apontando para um grupo comum de garotos ao longe.
Aproveitei bastante à festa, dancei e conheci muita gente. Lá pelas 3 da manhã a maioria das pessoas já tinha ido embora, mas Vanessa insistiu para eu ficar, e eu apenas realizei seu pedido. Três e meia da manhã já não tinha quase ninguém, Vanessa chamou todos para jogar um jogo tipo verdade ou conseqüência.
Entrei na roda sem interesse, já com sono, e vi todos os garotos e garotas participantes. Amm! O Vitor esta aqui! Meus olhos se arregalaram ao ver a figura perfeita que sorria sem motivo e via todos os rostos da roda. Quem mais está aqui? Vamos ver, novata, novata, novata, o Bruno, ah sim por isso Vanessa quis que todos nós jogássemos, é lógico que ela queria ficar com o Bruno.
Não me interessei em ver o resto das pessoas eu só queria ficar com o Vitor e Vanessa só queria minha ajuda para ficar com o Bruno.
As regras eram simples, os garotos são nomeados em garoto A, B e C as garotas escolhem e com os olhos vendados eles tem que se beijar por pelo menos 5 segundos, era o suficiente.
Na vez de Vanessa despercebidamente sussurrei em seu ouvido a letra do Bruno. Mas na minha vez ela não fez o favor de parar de beijar o Bruno e vim me falar a letra do Vitor eu tinha que chutar. A merda! E meus olhos já estavam vendados e eu não tinha idéia de quem eu poderia escolher.
- Liz sua vez. – disse uma garota que controlava o jogo.
- Eu? Ah sim, ammm... – vamos ver... – garoto B.
Guiaram-me da cadeira que eu estava até onde eu pudesse tocar nas mãos do garoto. Que seja o Vitor! Que seja o Vitor! Torcia em minha mente.
Toquei nas mãos do garoto que também não fazia idéia de quem eu era, ele também estava de olhos vendados. Toquei em suas mãos e ele se inclinou em minha direção. Não tinha idéia de quem era apenas pensei Ora é só um beijo! Que diferença faz? E encostei meus lábios no dele.
Assim que o beijo começou reconheci que não era como os outros que eu tinha dado, os lábios dele eram macios e gentis nos meus e os moldavam com perfeição, foi diferente, não era só um beijo era algo a mais era como se o tempo todo tivéssemos uma ligação. Mas mesmo assim, o tempo todo eu me sentia uma certa confusão dentro de minha mente.
Um, dois, três, quatro, quantos segundos se passaram? Não faço a menor idéia eu mal conseguia ouvir meus pensamentos estava totalmente longe daquele lugar, não sei há quanto tempo eu o estava beijando, não fazia mais idéia de onde eu estava. Qual o meu nome mesmo? Não importa, era só eu e ele naquele momento.
Uma hora ele parou de me beijar, senti um pouco de decepção, mas eu tinha que parar, ele riu baixo e se afastar um pouco de mim, tirei meus braços em volta dele, quando os coloquei lá? E agora era a hora da verdade, e é lógico ele era o...
-David? – arregalei meus olhos para ele com a boca mais aberta que pude. – David? – sussurrei agora, não era o Vitor de meus sonhos era o misterioso David que me beijará.
- Liz? – sussurrou ele com os olhos igualmente arregalados.
Ficamos um tempo ali nos encarando surpresos.
- Eu... Eu preciso ir. – disse ele de repente. – Obrigado pela festa Vanessa, mas agora eu preciso ir. – ele disse andando e tropeçando até a porta.
- Ah meu Deus. – sussurrou Vanessa enquanto passava por mim e me puxou pelo braço até a sala, percebi que todos já tinham ido, embora quanto tempo durou aquele beijo? Não importava, o que realmente importa é que foi uma experiência que nunca vou esquecer.
Eu ainda calada segui Vanessa e ela me jogou num sofá.
- Você sabia que era o David? – perguntou ela ansiosa.
- Não... Eu... Realmente... Estou muito surpresa...
- Vocês estão namorando ou algo que eu não saiba?
- Não. Eu mal o conheço.
- Ah qualé Liz! Ninguém beija um cara assim mal o conhecendo.
- Beija assim? O que você quis dizer com isso?
- Ah Liz vocês se beijaram com tanta vontade que parecia como... Como... Se estivessem apaixonados pelo outro há muito tempo.
- Sinto-lhe informar Vanessa, mas eu e David não temos nada em comum. – mesmo assim aquele beijo... Ela tinha razão não foi um beijo normal. – E eu tenho que ir embora. – disse olhando para o relógio que informava que era 4 da manhã.
- Ta bom Liz. Mas, se algo estiver acontecendo entre vocês dois eu tenho certeza que logo eu saberei.
Acenei e tentei chamar um táxi, nenhum, lógico 4 da manhã. Hummm... Vou correr.
Dentre a grande floresta eu corri o mais depressa que pude, cheguei em casa em pouquíssimos minutos.
Marta não esperava por mim, um milagre. Tirei minhas roupas cheias de folhas de árvores e galhos e fui me deitar.
Meu Deus! Vanessa tinha completa razão! Aquele não foi um beijo comum, foi muito mais que isso. Foi quase mágico. Como se dizem em filmes? Ah sim! Foi como se saíssem faíscas. Foi maravilhoso! Acho que isso pode ser o começo de uma grande paixão.
- Ah... – arfei enquanto me jogava em minha cama para ter doce sonhos com David minha mais nova paixão.