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Livroweb

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Capítulo VIII

 

  Acordei tão alegre que pulei da cama e em vez de andar saltitei pela casa com minha roupa, uma calça jeans com uma blusa rosa.

  Noite passada eu não sonhei com David, tive um sonho estranho todo avermelhado com tons de verde no meio, cores que pareciam dominar minha mente.

  - Como foi à festa Liz? – perguntou vovó enquanto fazia o café.

  - Hmmm. Diferente... – diferente não, eu queria Maravilhosa!

  - E você está feliz por que...? – perguntou Rafael.

  - Por quê? Eu tenho que dar uma explicação para minha felicidade agora? O importante é que eu estou feliz! – disse rodopiando enquanto pegava torradas e o queijo na geladeira.

  Ele não respondeu só continuou a me encarar com a cara “você é louca?”.

  Saí rapidamente de casa e peguei o ônibus. Enquanto conversava com Melissa ela perguntou:

  - Como foi à festa?

  - Maravilhosa. – disse baixinho.

  Ela esperou que eu explicasse o porquê mais eu só dei de ombros.

  O resto do dia me dediquei a sonhar bastante acordado durante muito tempo em todas as aulas, não via a reação de David enquanto eu o ficava observado.

  No final da aula o sinal tocou, eu saí pela porta e desci a escadas enquanto eu descia uma voz me chamou.

  - Liz espere!

  Me virei para ver quem era e meus olhos brilharam ao ver que era David ao longe, fui dar um passo a diante mas caí um degrau e quando me vi estava sentada de mal jeito no final da escada e David estava atrás de mim.

  - Você esta bem Liz? – perguntou David.

  - Sim, pode me ajudar?

  - Claro. – disse ele me puxando pela mão com força demais.

  Eu rodopiei e quando me vi eu estava muito perto de seu rosto, nossos narizes quase se encostavam.

  Tive o desejo de me aproximar só mais um pouco, mas ele prendeu minhas mãos ao lado de meu corpo, como algemas me deixaram paralisada.

  - Não. – disse ele virando o rosto. – Não podemos.

  - Por quê? – as palavras saiam de minha boca sem eu pensar.

  - Você não entende Liz. Não é de nossa natureza. – ele afirmou, eu não sabia do que ele estava dizendo “não é de nossa natureza” o que ele queria dizer com isso?

   Tentei retirar as algemas, que eram suas mãos, que se prendiam com força em volta de meus pulsos.

  - Um dia você entenderá. Mas, por enquanto eu peço que fique longe de mim, por favor, nós não podemos ficar juntos.

  Minha cara de espanto e dúvida deve ter dito tudo, uma parte de mim queria desobedecer e beijá-lo, outra queria sair correndo dali chorando, mas a que me dominada era aquela que queria saber uma explicação para as palavras de David, que para mim não faziam sentido.

  Ele se virou com uma cara de mal-gosto e saiu pela porta da escola, fiquei lá parada, me perguntando por que ele fez isso comigo, o que as palavras dele significavam, mas nada fazia sentido.

  Quando voltei a mim mesma eu estava sendo praticamente arrastada por Melissa que gritava para mim algo ilegível que não conseguia decifrar o que era.

  - LIZ!!! Por favor, me responda! EU VOU CHAMAR UMA AMBULÂNCIA ASSIM!! – ela gritava comigo, para eu poder sair do meu transe.

  -Hã? – perguntei em dúvida. – Ah Melissa, pode, por favor, me soltar?

  - Ah! Graças a Deus! – disse ela arfando e me soltando e me fazendo esborrachar no chão. – Estava seriamente preocupada com você Liz, você não falava, ficou parada sem nenhuma reação.

  - Tudo bem, tudo bem. – disse me levantando e me ajeitando, minha blusa que conseguiu ficar amarrotada. - Eu estou bem, sério.

  - Pode me dizer o que aconteceu para você ficar tão pálida e assustada até o ponto que eu tive que te arrastar?

  - Sinto muito, eu não posso, eu não sei ao certo o que aconteceu. – aquilo era verdade, estava confusa.

  Ela me olhou com o olhar de dúvida de “como assim eu não sei bem o que aconteceu?” e eu dei de ombros.

  Notei que quase perdi o ônibus, mais uma vez me agradeci por ter Melissa com amiga.

  Cheguei em casa morrendo de sono, só tinha dormido no dia passado umas 3 horas, eu precisava dormir.

  Sonhei novamente com cores, mas não era um vermelho vivo com tons de verde, era um, preto? Preto com tons de branco? Talvez um cinza.

  Acordei, com o barulho do irritante despertador, me levantei cambaleando e fui direto para a cozinha, estava morrendo de fome, não tinha lanchado.

  - Bom dia Liz. – disse vovó sorridente.

  - Argh. – resmunguei ao ver que não tínhamos mais leite.

  - Dormiu hein? – brincou Rafael.

  - Sim. – afirmei num tom amargo enquanto pegava um sanduíche já feito por minha avó.

  - O que é Liz? Ontem você era a felicidade em pessoa e hoje você está tão mal-humorada. O que aconteceu? – disse ele arregalando os olhos para mim de pura curiosidade.

  - Não te interessa. – sibilei dando um olhar duro para ele que se encolheu em sua cadeira.

  - Ta bom, ta bom, eu não perguntou mais. – disse ele baixinho.

  Depois de lanchar eu corri para o ônibus onde me sentei novamente ao lado de Melissa.

  - Hoje você está melhor Liz. – ela afirmou ao me analisar. – Mas, você parece... Triste. Algo que queira me contar? – Ah merda. Será que todo mundo nota quando eu estou triste?

  - Ah, não nada não, mesmo Melissa, não precisa se preocupar comigo.

  Ela não se convenceu, talvez tivesse achado que eu estava louca, confusa, triste, ou até os três...

   Confusa, sim, eu estava, mas uma coisa eu tinha razão: eu não me conformava com as palavras de David, “não podemos ficar juntos...” “não é de nossa natureza” o que ele queria dizer com isso? Não fazia sentido algum. Talvez David só não gostasse de mim como eu gostasse dele. Talvez ele apenas não me quisesse por perto. Talvez meu amor fosse grande e sufocante demais para ele suportar. Talvez ele me odiasse.

  Aqueles pensamentos me sufocaram por dentro, Talvez ele me odiasse, e tudo o que eu sinto por ele? Ele não podia simplesmente esmagar meu sentimentos, agora eles estavam firmes e fortes, e suas frases confusas não mudavam nada.

  As aulas passam rápidas demais, eu apenas fiquei apoiada em minha carteira pensando na vida. Quando o último sinal soou em nem acreditei que já eram quatro da tarde.

  Minha vida social estava acabando, eu ficava em silêncio total junto a Melissa, e quando ela me perguntava “você ta bem?” eu respondia um curto “aham” já com Vanessa eu fingia escutar seus casos e os boatos da escola, e claro sua chata tagarelice sobre como o namoro com o Bruno anda indo.

  Ah, depois daquele beijo, me apaixonar foi inevitável, mas eu não estava conseguindo lidar com esse amor não correspondido. E eu me pergunto o porquê daquele amor não ser correspondido, talvez aquele beijo não fora algo tão importante assim para David, talvez ele me achasse uma garota qualquer perdidamente apaixonada após um beijo.

  Rá. E eu pensando na possibilidade de se tornar uma grande paixão. Sonhos e esperanças se perderam no passado. Ele não me amava. Ele não me queria como eu o queria. Ai como eu ODEIO isso! Como eu ODEIO o meu amor por David! Como eu ODEIO ter tido que beija-lo! E como eu ME odeio agora.

  Entrei e sai do ônibus sem dizer nenhuma palavra. Corri para minha casa e me tranquei em meu quarto. Liguei meu computador para dessa vez entrei no meu Mensseger. Encontrei Larissa on-line.

Larissa diz: Oi Liz!!!

Eu: Oie Larissa.

Larissa: Como foi a festa?

Eu: Foi bom...

Larissa: Quem tava lá?

Eu: Um monte de garotos, incluindo o Vitor.

Larissa: Sério?? Então alguma coisa aconteceu neh?

Eu: Não entre eu e o Vitor...

Larissa: Então algo realmente aconteceu???

Eu: Sim, na verdade eu beijei um garoto.

Larissa: QUEM???

Eu: O David...

Larissa: Ah, eu sabia que algo nesse garoto era especial. Então, fale-me como foi?

Eu: Na verdade, foi quase mágico.

Larissa: Ah que Liindo! Então, vocês estão ficando?

Eu: Não.

Larissa: Namorando?

Eu: Não

Larissa: Poxa Liz! Então não aconteceu nada?

Eu: Sim aconteceu, mas ele disse que nós não podemos ficar juntos.

Larissa: Pq?? O beijo não foi nada de mais pra ele ou algo tipo assim?

Eu: Não acho que seja isso se não ele não teria me beijado por tanto tempo.

Larissa: Quanto tempo?

Eu: Perdi a conta

Larissa: Oh. Isso é confuso.

Eu: Pois é, acho que ele simplesmente não gosta de mim ou não me ama do jeito que eu o amo.

Larissa: Você o ama?

Eu: Estou apenas apaixonada.

Larissa: Ah Liz que coisa. Um dia você tem que exigir uma explicação.

Eu: Um dia eu vou exigir.

Larissa: Isso um dia. Ah Liz tenho que ir minha mãe está me chamando loucamente para lanchar. Até mais.

Eu: Até

Larissa saiu da conversa

  Revelei tudo o que eu poderia entender nessa conversa. E Larissa tinha razão um dia eu exigiria uma explicação para toda essa loucura toda.

  E finalmente percebi que minha avó também me chamava loucamente para lanchar.

  - Ovos. – eu disse ao entrar na cozinha e perceber que meu jantar era arroz com ovo.

  - Sim.

  Eu me sentei e devorei meus ovos. Enquanto minha avó me observava.

  - Onde ta o Rafa?

  - Ele foi para a casa de um amigo. – disse ela me analisando.

  - Algo que queira me contar sobre a festa Liz? Você anda muito tristonha ou confusa algo aconteceu lá? Você não me falou quase nada sobre a festa.

  - Nada vó, nada mesmo.

  - Am. – disse ela sem se convencer. Será que todo mundo desconfia que algo realmente aconteceu?

   Terminei de lanchar e voltei ao meu quarto para ler um livro e logo cair no sono.

   Os dias estavam se passando, eu não conversava mais com Vanessa porque ela ficava num Blá,Blá,Blá de ela e Bruno serem namoradinhos, ninguém merece isso. Mas como Melissa é uma boa amiga ela notou que eu estava ficando muito quieta calada por fora, mas com sentimentos diferentes por dentro, sim, a maioria de meu tempo eu ficava pensando. Meus sonhos estranhos e coloridos continuavam a acontecer, agora cores como verde, preto e um leve cinza.

  As coisas perdendo o sentido em minha vida, o garoto que eu amo não me ama da mesma forma, minha mãe morreu há quase um mês atrás enquanto eu já não tinha um pai, meu irmão junto ao acidente perdeu seu irmão gêmeo e o controle de suas pernas. O que bom aconteceu na minha vida desde a mudança de Tipokio para cá? Nada era a resposta, se eu era ou não Zimou, isso não importava mais.

  Passaram se uma duas semanas, os sonhos continuam a vida passa e eu fico presa ao tempo sendo uma semi-imortal.