Capítulo IV

  - Será que eu posso entrar aí? – ele perguntou. Eu franzi o cenho.

  - Não vai contar pra mamãe?

  - Bom, tecnicamente também estou de castigo.

  - Você está?

  - Sim, estou.

  - Por quê?

  - Digamos que eu fui pego lendo coisas que não devia ler...Sobre papai... E de como encontrá-lo.

  - O que? Você sabe quem esteve com mamãe e depois esteve numa festa com ela também?

  - Festa? – ele perguntou.

  - Sim, uma festa, quando ela se engravidou de mim. – eu disse o que já sabia.

  - Bom, eu li o diário dela. – ele admitiu envergonhado. – Foi isso que me deixou de castigo.

  - E...?

  - Bom, pelo que sei, ela se engravidou de repente de mim, e, depois ela e papai quase se casaram.

  - Espere quase se casaram? Mamãe disse que eu nasci despercebidamente e ela não comentou nada sobre esse suposto “casamento”.

  - Bom, naquele dia, ela me disse algumas coisas, e você ficou de castigo, e, eu quero entrar no computador para poder olhar ai quando uma igreja fica, no diário dizia que eles se cassariam lá e depois algo como o casamento foi cancelado, eles têm os documentos, daí eu verei o nome de meu pai e poderei olhar no hospital a minha certidão de nascimento, não quero ficar assim na minha vida, sabe? Parece que fui adotado, ou, sei lá... – disse ele virando a cabeça para esconder a tristeza em seus olhos.

  - Ta bom, entra aí. – eu disse deslizando da cadeira para minha cama.

  Ele começou a procurar no Google e eu fui adormecendo pouco a pouco, mas antes de dormir eu sussurrei: - Mathias...

  - Oi. – ele respondeu se virando.

  - Promete uma coisa? – eu sussurrei com os olhos meio abertos.

  - Sim, dependendo... – ele falou.

  - Me diga quem é papai assim que você souber, mesmo ele sendo alguém como... Alguém como o pai de Luís. – é, o pai de Luís era um bêbado, que andava vagando de bar em bar, eu realmente senti dó dele às vezes.

  A boca dele se transformou uma linha reta e ele finalmente disse: Tá.

  E eu adormeci tranqüila.